quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Aniversário de São Paulo...Comemorar o quê?



Foto reprodução Google imagens.

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Por Marcos Santos


A cidade de São Paulo se prepara para a chegada de mais uma data festiva: 25 de janeiro de 2015, aniversário da quarta maior metrópole do mundo que completa 461 anos. Com cerca de 20 milhões de habitantes, a cidade perde apenas para o Japão, México e Seul, ou seja, só a população daqui daria para encher esses países e ainda a capital da Coréia do Sul. As atrações culturais já começam no dia 24 e contará com mais de 60 atrações que você pode conferir acessando o site da Secretaria Municipal de Cultura.
 Pois bem. Quais motivos nós temos para comemorar? Vou direto ao assunto que está assombrando mais de 12 milhões de paulistanos e já é pauta todos os dias nos grandes noticiários do Brasil e do mundo há um ano: a inevitável falta d’água que já reflete, inclusive, em outra área, a energia elétrica. Já são frequentes os terríveis apagões resultantes também, da drástica redução dos níveis nas bacias hidrelétricas das principais usinas responsáveis por gerar energia para a região sudeste. 
Foto reprodução do Google imagens.

Em março de 2014 o site da BBC Brasil publicou uma densa matéria sobre a crise hídrica e apontou as principais causas para essa tragédia. Maria Assunção Silva Dias, pesquisadora de Ciências Atmosféricas da USP disse ao site que os reservatórios de São Paulo não suportariam um período tão longo de seca e ressaltou que mudanças climáticas sempre ocorreram desde 1930 o que é muito normal. Ela citou, inclusive, o excesso de chuva que acorreu entre 2009 e 2010 causando o maior transtorno à população. Àquela época foi registrado um volume 30% a mais do que o normal  para o período, porém, hoje a situação é contrária e os irresponsáveis culpam a Deus pela escassez de chuva. 
Este é apenas um do problemas e, não menos grave do que dezenas de outros que enfrentamos todos os dias. Comemorar oquê? Trânsito caótico? Indústria de multas que arrecadam milhões por ano com o pretexto de que é necessário para educar os  motoristas, mas não fazem nada em melhorias em infraestrutura urbana com esse rio de dinheiro? Crianças abandonadas usando crack nas esquinas matando o futuro do nosso país? Comemorar o sofrimento de milhões de trabalhadores espremidos nos ônibus, trens e metrôs todos os dias quando vão e voltam do trabalho? Comemorar o quê? As enchentes que assolam e destroem tudo o que veem pela frente por falta de competência e planejamento dos governos? Os chefes de famílias que morrem diariamente vítimas dessa violência incontrolável nas periferias e bairros centrais? As jovens que são estupradas dentro da USP por sujeitos de pele branca e olhos claros? As ciclovias construídas sem nenhum planejamento? É tanta bandalheira que nem vou me aprofundar e deixo á você leitor, refletir sobre: a educação, a saúde,  a segurança pública, saneamento básico, enfim. Este é um pequeno raio X da situação endêmica que a capital mais rica do Brasil está enfrentando há dezenas de anos.   
Fotos reprodução Google imagens.


Porque ao invés de gastar milhões promovendo essa celebração em homenagem a cidade, não investe esse dinheiro nos principais problemas da nossa caótica infraestrutura urbana e, com  isso minimizar esse caos e evitar quem sabe, o eminente colapso nas estruturas sociais dessa metrópole que poderia servir de modelo para outros estados brasileiros e até para o mundo. A capital é feita de gente que trabalha, paga seus impostos, fazem manifestações, sofrem diariamente vítimas do caos urbano e não de monumentos, praças, arranha-céus, grandes avenidas e parques. 

Portanto, melhorar a vida dessas pessoas, paulistanos ou não que fazem da aniversariante a quinta maior potência do mundo, teria que no mínimo ofecer um padrão de vida digno e não pão e circo. Seria razoável pra não dizer outra coisa, que os governos: municipal e estadual tratassem essa grande massa de trabalhadores como verdadeiros seres humanos e não como gado conforme a letra do cantor Zé Ramalho-Admirável Gado Novo.  Música, folia, comemorações, enfim, são bem-vindas quando existe motivos para isso. De que adianta oferecer ao povo um final de semana festivo, “alegre” e na segunda-feira e o resto do ano continuarem os mesmos sofrimentos. Como filho da capital há 48 anos eu penso que tudo isso seria aceitável se realmente tívemos verdeiros motivos para comemorar. Então, deixo aqui registrado mais uma vez a minha pergunta:     
                                                 Comemorar o quê?

Foto reprodução Google

 
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